O psicólogo especialista em gerontologia pode ajudar o idoso a passar pelas transformações físicas, mentais e emocionais e na promoção da qualidade de vida.
Você já parou para pensar que um idoso com 85 anos, quando nasceu, tinha a perspectiva de viver apenas 36 anos?
A expectativa de vida na década de 1930 era de 36,5 anos. No Brasil, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 2019, a expectativa de vida ao nascer é de 80 anos para mulheres e de 73 anos para os homens. Sim, estamos vivendo cada vez mais.
Atualmente, não conseguimos imaginar a nossa vida terminando antes dos 40 anos. Quantos momentos deixaríamos de viver? Quantos sonhos não realizaríamos? Hoje temos mães realizando o sonho da maternidade após os 40 anos. E pessoas entrando na faculdade para iniciar uma nova profissão aos 60 anos, quando começa a chamada terceira idade.
Os avanços da tecnologia e da medicina nos proporcionam cada vez mais anos extras de vida.
No entanto, ainda não conseguiram barrar as transformações físicas e mentais do envelhecimento e suas consequências. A dificuldade de locomoção, o aparecimento de rugas e de cabelos brancos, as falhas na memória… as limitações decorrentes da idade uma hora acabam chegando. E a verdade é que ninguém quer se tornar mais vulnerável e dependente nas atividades básicas do dia a dia.
Psicólogos gerontologos
Nesse cenário, surgem os profissionais gerontologos, especialistas de diferentes clínicas que têm um olhar atento à complexidade do envelhecimento com o objetivo de proporcionar uma melhor qualidade de vida ao paciente.
Entre eles, o psicólogo, com especialização em gerontologia, tem um papel importante na adaptação e no acompanhamento do declínio físico e cognitivo ligado à idade.
Entre as principais funções desse profissional:
– Desenvolver programas de promoção de qualidade de vida e de mudanças de atitudes;
– Orientar e acompanhar os pacientes em sua residência ou instituições de longa permanência;
– Realizar avaliação psicológica de idosos e psicoterapia individuais e em grupo;
– Assessoria a instituições públicas e prestação de serviços psicológicos em instituições de longa permanência;
– Realizar palestras para informar a complexidade do envelhecer;
– Auxiliar no tratamento de déficits e distúrbios cognitivos e psicomotores;
– Orientar e aconselhar os familiares de idosos;
– Assessoria, planejamento e execução de programas de promoção em saúde na comunidade e em promoção social para idosos;
– Apoio psicológico a profissionais que cuidam de idosos;
– Participação em equipes multiprofissionais;
– Organizar e adaptar o espaço físico que o idoso frequenta e reside.
De acordo com Neri (2005), a psicologia pode contribuir para o bem-estar dos idosos, oferecendo treinamentos para aprimorar habilidades profissionais e apoio psicológico a profissionais que trabalham com idosos, assessoria no planejamento e na avaliação de serviços.
Segundo Brink (1983), o meio psicoterapêutico pode promover ao idoso a possibilidade de cuidar de si próprio e dos outros, estimulando sua autonomia.
Já Magesky, Modesto e Torres (2009) compreendem que é trabalho da psicologia é o de estimular, improvisar, problematizar, refletir e questionar sobre os aspectos relacionados aos idosos institucionalizados.
Adaptação para toda a família
O trabalho do psicólogo com especialização em gerontologia, sempre que possível, deve ser feito em conjunto com os familiares para ajuda-los a entender como acontece o processo de envelhecimento do seu ente querido.
A família é um agente facilitador e deve estimular a independência do idoso, respeitando algumas limitações para evitar a exposição a alguns riscos, como de queda.
A palavra “velho” na maioria das vezes automaticamente enaltece as perdas e vem carregada de valores depreciativos como desgastado, antigo, obsoleto. É o antônimo de jovem, que ressalta o belo, a inovação, o futuro.
Não adianta comemorar cada vez mais aniversários. É essencial encarar o processo de envelhecimento como um novo significado da nossa história.
Identificar novas possibilidades de vida, novos interesses e desejos. Compreender e aceitar suas limitações, sem abrir mão de sua independência e individualidade aprimorando sua qualidade de vida.
E o psicólogo pode ajudar a construir um outro olhar ao envelhecer.